Ausência de ao menos um dos itens essenciais de saneamento básico atinge 57,6% dos brasileiros com renda domiciliar abaixo de US$ 5,50 por dia

Mais de um terço da população brasileira (37,6%) mora em domicílios com a ausência de ao menos um dos três serviços de saneamento básico, afirmou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (5).

De acordo com o levantamento, o maior problema é a falta da coleta de esgoto, que aflige 35,9% da população. Outros 15,1% vivem em ambientes sem abastecimento de água por rede geral de distribuição e 10% não contam com a coleta direta ou indireta de lixo.

A falta de ao menos um dos itens essenciais de saneamento básico atinge 57,6% dos brasileiros com renda domiciliar abaixo de US$ 5,50 (cerca de R$ 20) por dia, segundo o estudo feito com base em dados de 2017.

“Os serviços de saneamento básico são importantes fatores para prevenção de doenças, mas deve-se levar em consideração também que em áreas pouco adensadas (como em parte das áreas rurais) é adequada a utilização de soluções individuais de saneamento como poços artesianos e fossas sépticas”, afirma a pesquisa.

Os dados também apontam que 13% da população vive com ao menos uma inadequação nas condições de moradia, sendo que 2,6% (5,4 milhões) não tem acesso a banheiro exclusivo no domicílio e 1,3% (2,7 milhões) moram em locais com as paredes externas construídas com matérias não duráveis.

Segundo o estudo, todos os indicadores de habitação e saneamento mostram que a situação da população preta ou parda é mais grave do que a enfrentada pela população branca. “Isso decorre da associação entre indicadores de moradia e pobreza e da sobrerrepresentação da população preta ou parda na população pobre”, explica o IBGE.

Regiões

O estudo mostra ainda que as populações das regiões Norte e Nordeste têm as maiores restrições no acesso aos serviços de saneamento básico.

A maior restrição de acesso à coleta de lixo foi verificada no Estado do Maranhão, onde 32,7% da população não tinha acesso ao serviço.

Quando o assunto é o abastecimento de água, Rondônia registrou a maior restrição, com 54% dos habitantes sem acesso ao sistema. O Piauí, por sua vez, tem 91,7% de sua população com falta de coleta de esgoto sanitário por rede coletora ou pluvial.

Na contramão, o Estado de São Paulo apresenta a maior cobertura para cada um dos serviços, com apenas 1,2% da população sem coleta de lixo, 3,6% sem abastecimento de água e 7% com ausência da coleta de esgoto.