No dia a dia, em conversas informais, o tempo sempre é um bom motivo para “puxar assunto” ou mesmo para “quebrar o gelo”. Mas esse tema já não se limita a isso e ganhou importância ainda maior para a nossa qualidade de vida. Cada vez mais, as chuvas até demoram, ou mesmo chegam de uma vez, com força e provocando transtornos. O frio e a neve também surgem mais rigorosos a cada inverno, no Hemisfério Norte. E assim por diante.

Para entender essas e outras alterações climáticas, a Canal SINDCON procurou o professor Luiz Pinguelli Rosa, secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e doutor em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. Ele também é mestre em Engenharia Nuclear e acumula as atribuições no Fórum com a direção do núcleo de pós-graduação em Engenharia da UFRJ. Acompanhe.

 

Muito se fala em mudanças climáticas. O quê isso significa, na prática?

Mudanças climáticas são as alterações provocadas, principalmente, pelo aquecimento da temperatura da Terra. Diversas atividades desenvolvidas pelo ser humano têm gerado uma emissão maior de gases, que se concentram na atmosfera e estão dificultando a dispersão do calor. E as consequências são sentidas na alteração dos ciclos considerados normais para as chuvas, frio, calor e outros fenômenos naturais.

Como as pessoas podem perceber essas alterações dos ciclos, no dia a dia?

Um exemplo atual é a seca em diversas regiões do País, inclusive no Sudeste. As transformações no clima do planeta podem estar entre as causas, embora não sejam as únicas.

Como essas mudanças interferem no planejamento e execução de serviços de saneamento básico?

O saneamento é essencial, tanto para a saúde humana quanto para minimizar emissões que podem potencializar as mudanças climáticas. Aterros e esgotos a céu aberto, por exemplo, emitem gases nocivos à atmosfera, que precisam ser controlados por meio de serviços adequados.

Qual a importância das empresas privadas do setor, diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas?

Uma vez que assumem a responsabilidade por esse serviço, as empresas privadas também devem se empenhar em reduzir as emissões geradas pelas atividades de saneamento. Esse é o seu principal desafio.

Temos conhecimento suficiente, no Brasil, para guiar a criação de políticas de adaptação às mudanças climáticas?

Existem cada vez mais iniciativas com esse objetivo. Uma delas é o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, que é ligado ao Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. Por meio deles, as empresas têm acesso a informações sobre o tema e o apoio necessário para aplicá-las à sua realidade.

Especializar-se nesse conhecimento pode gerar oportunidades para os profissionais das empresas de saneamento?

Sim. Profissionais especialistas podem, por exemplo, atuar em consultorias, que muitas vezes são procuradas por empresas que querem tornar suas operações mais “limpas” para o meio ambiente. Outra possibilidade está na pesquisa de tecnologias que reaproveitem o material proveniente dos serviços de saneamento como fontes de energia. Isso já é uma realidade em alguns países e pode ganhar espaço no Brasil.

Como as pessoas podem colaborar para que os efeitos das mudanças climáticas sejam amenizados?

Temos que ter uma nova consciência quanto aos recursos naturais. Eles estão à nossa disposição, mas precisamos usá-los com responsabilidade. Economizar água e energia ou preferir combustíveis menos nocivos ao meio ambiente são algumas iniciativas que contribuem com esse objetivo.

Fórum do Clima

O Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas existe desde o ano 2000 e é ligado à Presidência da República. É composto por técnicos, acadêmicos, representantes de ONGs e empresas, para ampliar o conhecimento sobre como lidar com as constantes transformações no clima. Empresas privadas do saneamento também podem fazer parte. Mais informações: (21) 3622-3467 ou no www.forumclima.org.br