Nessa terça-feira, 19 de novembro, data escolhida pela ONU para marcar o Dia Mundial do Banheiro, comemora-se também o Dia Mundial do Saneamento. 

No Brasil, um levantamento da ABCON SINDCON, associação das operadoras privadas de saneamento, com base no Censo 2022 revela que, pelo menos para um milhão de pessoas, não há muito o que comemorar. Esse é o número de indivíduos que não possuem acesso a banheiro ou sanitário, de acordo com o levantamento. Desse total, 40% são crianças e adolescentes. 

“A falta de banheiro afeta principalmente os mais vulneráveis e é um dos reflexos mais impactantes do enorme déficit de serviço de água e esgoto no Brasil”, afirma Christianne Dias, diretora-executiva da ABCON SINDCON.

O levantamento da entidade leva em consideração apenas a população que vive em residências permanentes, ou seja, não entram no cálculo moradores em situação de rua. Considera-se ainda a ausência de banheiro como a falta de equipamentos sanitários adequados para que o esgoto domiciliar tenha destinação correta, conectada ao sistema de tratamento.

Outros números relativos à falta de saneamento reforçam o cenário de precariedade que persiste, apesar dos avanços do setor nos últimos anos: 75,8 milhões de pessoas não têm acesso à rede de saneamento no Brasil (abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto), segundo dados do Censo 2022.

“Para superarmos essa situação degradante que atinge milhões de brasileiros, é essencial que o setor seja considerado prioritário para as políticas de saúde pública no país”, defende a diretora-executiva da ABCON SINDCON, em contribuição às reflexões sobre o Dia Mundial do Banheiro e Dia Mundial do Saneamento.

As datas foram criadas em 2013 para chamar a atenção sobre saneamento, sustentabilidade e inclusão, e também conscientizar as nações e as pessoas sobre a necessidade de se encaminhar soluções para um problema de grandes dimensões em todo o mundo. 

No Brasil, onde 35 milhões de pessoas ainda não têm água tratada, a campanha do Dia Mundial do Banheiro segue o tema escolhido para todo o mundo: “Um Lugar de Paz”. A ideia é destacar a ideia de que o banheiro é um lugar seguro. Calcula-se que 3,6 bilhões de pessoas vivam em todo o mundo sem acesso ao banheiro seguro – ou ao saneamento básico administrado com segurança.

Falta de saneamento afeta a saúde – Segundo outro levantamento realizado pela ABCON SINDCON, com base em informações do Sistema Único de Saúde (SUS), a falta de saneamento básico no país provoca um milhão de internações ao longo de três anos, a um custo de R$ 2,2 bilhões. Ainda segundo o mesmo levantamento, são 70 mil óbitos a cada ano provocados em decorrência de doenças que já poderiam estar erradicadas com a universalização de água e esgoto.

De acordo com a ABCON SINDCON, 2,7% das internações registradas no período dos últimos três anos foram ocasionadas por doenças relacionadas à falta de saneamento; 3,6% das despesas com internações realizadas no período foram relacionadas às internações por doenças relacionadas à falta de saneamento; e 10,7% dos óbitos em internações foram causados por doenças relacionadas à falta de saneamento. Entre essas doenças estão a diarreia, gastroenterite, dengue, difteria e outras doenças infecciosas intestinais.

A ABCON SINDCON ressalta também em seu levantamento sobre saúde que a ausência de serviços adequados de saneamento tem relação com a incidência de doenças que geram custos à sociedade. Estudo da Organização Mundial da Saúde indica que a cada US$ 1 investido em saneamento se economiza US$ 5,50 em saúde.