Evento em Nova York trouxe o assunto com foco em práticas ESG para discussão

Menos de dois anos após a aprovação do Marco Legal do Saneamento, cerca de R$ 72,2 bilhões foram investidos em obras e projetos de saneamento básico no Brasil, segundo números do governo federal. Um volume de recursos que responde à demanda reprimida no país: “Cerca de 100 milhões de brasileiros não têm acesso a redes de esgoto e 35 milhões vivem sem água potável”, explica Teresa Vernaglia, CEO da BRK Ambiental, uma das maiores empresas brasileiras privadas de saneamento básico. A executiva participou de uma palestra sobre as estratégias do setor privado rumo à neutralidade do carbono no evento Brazil Summit, promovido pelo Financial Times, em Nova York.

Para a universalização até 2033 serão necessários investimentos na ordem de R$ 700 bilhões, segundo estudo realizado pela KPMG Auditores Independentes em parceria com a ABCON/SINDCON (Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto). Uma injeção de capital que traz impactos diretos na economia e saúde pública dos municípios beneficiados, mas também dinamismo ao setor de saneamento e avanços na agenda ESG do país.

Na BRK Ambiental, um portfólio de projetos voltados à inovação e mitigação traduz os efeitos da participação privada no saneamento brasileiro. Com meta de zerar as emissões líquidas de gases poluentes até 2040, a companhia tem investido em tecnologias que vão do tratamento do esgoto à autogeração de energia elétrica com fontes renováveis.

“Nós usamos uma tecnologia capaz de abater 90% das emissões de gases de efeito estufa no tratamento de esgotos, comparada com sistemas tradicionais, tudo isso consumindo menos energia e em um espaço físico menor, o que significa redução nos custos. Ao mesmo tempo que reduzimos a pegada de carbono, ganhamos eficiência operacional. Isso é EESG (Economics, Environmental, Social e Governance) na prática”, comenta a executiva, que há cinco anos lidera a companhia.

Uma das soluções identificadas pela BRK é a secagem solar do lodo, um subproduto do tratamento de esgoto composto de 80% de água e que demanda disposição adequada em aterros sanitários. “Muitos lugares no país não têm aterro sanitário e isso é um grande problema ambiental”, explica Teresa.

A tecnologia vai permitir à BRK uma redução de 3 mil para 600 viagens ao ano no transporte de lodo e, consequentemente, uma drástica diminuição no volume do material orgânico que chega aos aterros.

“À medida que reduzimos drasticamente a quantidade desses resíduos enviada para os aterros, diminuímos emissões pelo transporte e trazemos eficiência operacional devido aos custos de transporte e destinação. Também simplificamos o processo de licenciamento ambiental.”

 

Número um nas Américas

Os avanços na adoção de práticas sociais e ambientais garantiram à BRK o primeiro lugar nas Américas no ranking ESG Risk Rating, elaborado pela Sustainalytics, organização internacional do grupo Morningstar. O ranking mede a gestão de riscos ambientais pelas companhias em uma escala de 0 a 100. A pontuação da BRK foi 19,4, indicando baixo risco de exposição a mudanças climáticas, problemas sociais e de governança.

Teresa avalia que o resultado no ranking internacional reflete a integração dos pilares ESG à estratégia de negócios da empresa. “Você precisa ter uma orientação, um mindset dentro da organização, tem que vir de cima”, defende.

Presentes em mais de 100 municípios, as iniciativas de microcrédito da BRK já alcançaram milhares de famílias de baixa renda que precisam acessar a rede de água e esgoto. “A empresa não pode se limitar ao contrato. Ela precisa ir além e se conectar com a comunidade que está servindo. Ela precisa saber qual o seu papel social e é isso que traz sustentabilidade ao negócio ao longo do tempo”, afirma.

 

Fonte: Valor Econômico