Capítulo 4
Investimentos: evolução na última década
Em 2013, o Plansab estimava que seriam necessários, inicialmente, R$ 15,2 bilhões de investimento por ano durante duas décadas para que o país alcançasse a universalização. Em virtude do baixo nível de investimento verificado nos anos seguintes, a demanda de investimento hoje é cerca de cinco vezes maior, a fim de cumprir a meta até 2033. Naquele ano, em valores correntes, segundo o SNIS, o investimento efetivo em serviços de água e esgoto foi de apenas R$ 9,4 bilhões. Ou seja, o Brasil precisaria, já à época, elevar em mais de 60% o investimento no setor. Em 2015, o relatório 17.507 do TCU já apontava que o investimento em água e esgoto no país precisaria ao menos dobrar para oferecer condições dignas à população. Em 2019, houve uma importante retomada dos investimentos no setor, principalmente a partir dos recursos dos operadores privados. Foi o segundo ano com maior nível de investimento desde 2007. Mesmo presentes naquele ano em apenas 7% dos municípios, as operações privadas investiram o equivalente a 33% do total investido pelo setor (R$ 5,9 bilhões de um total de R$ 18 bilhões investidos). Foi um alento em um setor que vivia praticamente paralisado, à espera da definição das novas diretrizes que estavam sendo discutidas no Congresso. Segundo levantamento do PANORAMA, o investimento realizado pelo setor até ali nos últimos anos tinha sido de apenas 0,21% do PIB, metade do considerado ideal pelo Banco Mundial. Outro bom desempenho a ser registrado aconteceu em 2021, quando os investimentos privados em saneamento chegaram a R$ 3,5 bilhões de um total de R$ 16,9 bilhões, ou 21% do total investido no setor. Esse ano representou o terceiro com o maior volume de investimentos realizados desde 2007. Como se vê, trata-se de uma participação relevante, absolutamente essencial para complementar as ações das empresas públicas. Com a maior presença da iniciativa privada, ampliam-se os investimentos necessários para aumentar a cobertura dos serviços e também se evita o retorno à estagnação ocorrida antes da aprovação do marco legal. Sem os players privados, não será possível atingir a meta de se ter, em 2033, praticamente todos os brasileiros com acesso à agua potável e esgotamento sanitário – o que representa, em última instância, menos gastos públicos na saúde, mais educação, cidadania e desenvolvimento social.