Associados da ABCON marcaram presença no Congresso Mundial sobre Dessalinização e Reúso de Águas na América Latina, promovido pela Associação Internacional de Dessalinização (IDA), de 15 a 20 de outubro, em São Paulo. As empresas GS Inima, Suez e Veolia participaram como expositoras junto às principais empresas de tecnologias e projetos que atuam nessas áreas, no Brasil e no mundo.

Dirigentes da GS Inima e GS Inima Brasil.

Os principais temas abordados nas sessões de debate do Congresso foram a política, desenvolvimento, governabilidade, finanças e desafios de mercado para o reúso e a dessalinização. Atualmente, no Brasil, as tecnologias de dessalinização e de reúso são predominantemente direcionadas ao setor industrial. Poucas são as iniciativas das empresas prestadoras de serviço de água e esgoto, mesmo nos casos de reúso de efluentes para fins industriais e urbanos (não-potáveis).

Entre os projetos que tiveram destaque no evento estão o Aquapolo e o Programa Água Doce do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O primeiro, já reconhecido como uma das boas iniciativas de parcerias público-privado, é resultado da associação entre a BRK Ambiental e SABESP.

O Aquapolo fornece por contrato 650 litros/ segundo de água de reúso para o Polo Petroquímico da Região do ABC Paulista. Neste processo, o efluente proveniente da ETE ABC é submetido ao processo de ultrafiltração para atender os parâmetros definidos no contrato com o Polo Petroquímico.

Alessandro Hidalgo, Fabian Fenoglio e Federico Lagreca, da Suez

Já o Programa Água Doce do MMA atende cerca de 2.600 famílias do semiárido brasileiro que consomem água tratada por meio de dessalinizadores. O sistema é composto por poço tubular profundo, bomba, dessalinizador, reservatórios e tanques de contenção do efluente. Em alguns locais, o sistema é integrado com soluções para o efluente do dessalinizador, que é enviado para tanques de criação de peixes e, posteriormente, aproveitado para a irrigação da planta erva-sal, que, por sua vez, é utilizada na produção de feno. É um sistema integrado, sustentável e operado pela comunidade local.

Para dessalinização em maior escala, há expectativa de instalação de uma planta para a região metropolitana de Fortaleza, capital cearense. A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) recebeu propostas de empresas interessadas em estudos e projetos que deverão responder por uma capacidade de 1 metro cú- bico por segundo. Conforme a Cagece, o incremento vai significar aumento de 12% na oferta de água, beneficiando cerca de 720 mil pessoas.

Entre os principais entraves para o avanço destas soluções no Brasil estão a necessidade de um arcabouço legal que regule os diferentes usos da água, com padrão de qualidade adequado e segurança para os usuários, e a viabilidade econômico financeira destes projetos frente às demais opções tecnológicas adequadas para cada território.

A orientação legal mais recente sobre o tema reúso é a Resolução Conjunta SES/SMA/SSRH nº 01, de 28.06.2017, publicada pelo Estado de São Paulo, que “Disciplina o reúso direto não potável de água, para fins urbanos, proveniente de Estações e Tratamento de Esgoto Sanitário”.

A resolução define como fins urbanos a água de reúso destinada para irrigação paisagística; lavagem de logradouros e outros espaços públicos e privados; construção civil; desobstrução de galerias de água pluvial e rede de esgotos; lavagem de veículos e combate a incêndio. Além disso, ela estabelece padrões para duas categorias: uso com restrição moderada e uso com restrição severa.

Yves Besse, diretor geral de projetos Latam da Veolia.

Sobre a viabilidade financeira dos projetos de Reúso e Dessalinização, é necessário avaliar caso a caso, mas a probabilidade maior de adoção destas tecnologias são em regiões vulneráveis em termos de disponibilidade hídrica e qualidade dos mananciais.