“Mais de 100 milhões de pessoas sem acesso à rede de coleta e tratamento de esgoto continuam esperando uma solução”

Levantamento divulgado em setembro pelo IBGE revela que 1933 municípios (34,7% do total) tiveram ocorrência de epidemias ou endemias provocadas pela falta de saneamento básico no ano passado.

O IBGE investigou, junto às prefeituras, a ocorrência de endemias ou epidemias associadas ao saneamento básico em 2017, considerando endêmica uma doença que existe, constantemente, em determinado lugar, independentemente do número de indivíduos por ela atacados. Epidêmica, por sua vez, é uma doença que surge, rapidamente, em um lugar e acomete grande número de pessoas.

Segundo o IBGE, a doença mais citada pelas prefeituras foi a dengue. Em 2017, 1501 municípios (26,9% do total) reportaram ocorrência de endemias ou epidemias de dengue. A dengue, assim como a zika e a chikungunya, cujos primeiros casos surgiram no Brasil em 2015 e 2014, respectivamente, são transmitidas pela picada do mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada. Tais doenças estão, portanto, fortemente associadas aos serviços de saneamento.

Outras doenças com grande incidência, provocadas pela falta de saneamento, foram a diarreia (23,1%) e verminoses (17,2%).

Para a ABCON e o SINDCON, os números do IBGE confirmam que os investimentos em saneamento são prioritários, e o Brasil não poderia desperdiçar a oportunidade da MP 844 para incrementá-los.

Passada a discussão em torno da medida provisória, a mensagem que persiste por parte das entidades é que o futuro de milhões de brasileiros que estão sem tratamento de esgoto depende de vontade política e da determinação da sociedade em tornar o saneamento uma prioridade nacional.