A discussão sobre a nova lei do saneamento deixou claro para todos a triste realidade do setor
Estivemos em Brasília representando o SINDCON em uma das audiências que discutiram o novo marco regula-tório do saneamento. E o nosso recado e contribuição ao debate foram muito claros: o setor permanece estagnado e o Brasil não está cumprindo seu compromisso com as necessidades básicas da população em atendimento de água e coleta e tratamento de esgoto.
Uma das principais dificuldades em convencer a sociedade da importância de se investir em saneamento é demonstrar com números que o serviço é deficitário. Entendemos que os dados que pautam o saneamento podem eventualmente esconder deficiências no sistema. Nem sempre o fato de que existe uma rede dedicada à cole-ta e tratamento de esgoto significa que o serviço esteja disponível. Há muitos relatos de sistemas inoperantes e intermitência pelo país afora.
Há, por outro lado, números que são comprovados e desmistificam argumentos utilizados para desqualificar a participação da iniciativa privada no saneamento:
– 72% das concessões privadas estão em municípios com menos de 50 mil habitantes. Cidades menores são a maioria entre as atendidas pelos operadores privados;
– A iniciativa privada já é responsável por 20% do total in-vestido no saneamento, apesar de possuir somente 6% do mercado;
– As tarifas praticadas pelas concessionárias privadas são similares às cobradas pelas companhias estaduais de saneamento.
Água na torneira e esgoto tratado não se resolvem com boas intenções ou promessas. É preciso eficiência, metas claras e definidas em contratos. É preciso regulação firme e com diretrizes consolidadas.
Todas essas exigências fazem parte do trabalho das operadoras privadas. Elas possuem modelos de gestão que contribuem de maneira decisiva para entender o saneamento a partir de uma nova ótica, voltada para os resultados que o Brasil não conseguiu atingir em 50 anos de gestão predominantemente pública.
O novo marco do saneamento é um avanço porque estimula essa eficiência e a competição no setor. Merece, portanto, o apoio de todos nós.
Nossa mensagem nesse momento em que se discutem mudanças para o saneamento é que o Brasil precisa evoluir e afastar o risco de doenças que a falta de serviços básicos de água e esgoto provoca na maior parte da população.
Nós, operadores privados, estamos prontos para dar nossa contribuição nesse novo cenário.
Giuliano Dragone é diretor de gestão e finanças e ex-presidente do SINDCON.