A chamada agenda ESG caminha a passos largos no Brasil – e o mercado financeiro tem uma relação direta com essa evolução. Cada vez mais o investidor prefere colocar o dinheiro em setores que sejam comprovadamente efetivos na gestão ambiental – como é o caso do saneamento.
Nos Estados Unidos, um terço dos ativos sob gestão de fundos já estão atrelados a investimentos socialmente responsáveis. Segundo a Bloomberg Intelligence, tais investimentos no mundo ultrapassam os US$ 40 trilhões.
A gestão ESG (ou ASG, como também é conhecida no Brasil, devido à sigla em inglês, que reúne aspectos Ambientais, Sociais e de Governança) traz uma abordagem que valoriza práticas sustentáveis, o que significa adotar ações e métricas ligadas a avanços no campo socioambiental. Ela se conecta diretamente com o mercado financeiro, ou seja, com quem financia os negócios, explica Tatiana Assali, diretora de programas da NINT – Natural Intelligence, empresa de consultoria e avaliação em ESG.
“O capital pode ser mais barato, abundante e paciente para quem leva em consideração os princípios ESG. Na direção contrária, o capital pode ficar mais caro e escasso para quem não atua dentro da lógica ESG”, afirma ela.
Em outras palavras, e de forma bem resumida, o mercado financeiro de capitais leva em conta cada vez mais a sustentabilidade.
Dentro dessa visão de valorização do desenvolvimento sustentável, o ESG passa a ser considerado essencial para a perpetuação do negócio. “A agenda ESG começa como um enfrentamento das questões ligadas à sustentabilidade. Ela demanda uma gestão de riscos. Ao ser estruturada essa gestão, o que era risco se torna uma agenda de oportunidades”, assinala Tatiana.
Responsável pela área de fomento da NINT, Tatiana trabalha na estruturação de projetos para clientes como bancos de desenvolvimento, agências multilaterais e órgãos governamentais que desejam incentivar o investimento em ESG.
“O mercado está buscando conhecimento para ter melhores projetos, com maior capacidade de serem financiados. O investimento ESG no Brasil é um desafio que envolve a própria sociedade. O cenário pós-pandêmico nos apresenta uma chance de privilegiar o investimento sustentável”, finaliza ela.
Acordo de cooperação une Ministério e entidades
A ABCON SINDCON é uma das entidades que participa do acordo de cooperação do programa Estratégia Investimento Verde, do Ministério do Desenvolvimento Regional. A iniciativa reúne oito associações do setor privado que atuam em projetos de saneamento básico, segurança hídrica e mobilidade urbana geridos pelo Ministério. O objetivo é que todos os novos projetos da pasta sigam práticas internacionais de gestão ambiental, social e de governança.
O Acordo de Cooperação Técnica prevê o desenvolvimento de instrumentos e estudos sobre investimentos sustentáveis no âmbito dos projetos de infraestrutura para o desenvolvimento regional.
A ABCON SINDCON terá o importante papel de contribuir tecnicamente com os trabalhos desenvolvidos e promover a articulação e capacitação entre gestores e associados sobre os instrumentos propostos.
“Os princípios ESG estão no DNA da entidade, e essa iniciativa alinhada com o Ministério vem ao encontro da disposição das associadas de elevarem o saneamento a um dos protagonistas do investimento sustentável no país”, afirma Percy Soares Neto, diretor executivo da ABCON SINDCON.