Ao finalizarmos a 8ª edição do Encontro Nacional das Águas, com todos os momentos de troca que o evento proporcionou, ficamos com a certeza de que a revolução tanto aguardada pelo Brasil no saneamento está apenas começando.
Levamos ao ENA um desafio a ser compartilhado ao longo dos próximos dez anos: fazer desse período a “Década do Saneamento”.
Para tanto, será fundamental promover todas as formas de parcerias já previstas em lei, a partir do marco legal do setor. Afinal, segundo cálculos atualizados e apresentados em primeira mão no ENA, precisaremos de quase R$ 900 bilhões para levar água e esgotamento sanitário a todos. Alcançar essa meta exige a contribuição e a participação de ambos os atores, público e privado, num esforço conjunto.
Essa missão árdua, mas factível, demanda a priorização do saneamento no próximo governo, que se inicia em 2023. Também levamos ao ENA uma agenda com compromissos que os atuais postulantes à Presidência da República precisam considerar para avançarmos.
Temos enfatizado a capacidade de o saneamento ser protagonista na retomada econômica do país. Mas existe uma outra dimensão desse cenário futuro que começa a ser construída, e que é tão ou mais importante do que a geração de divisas e arrecadação de impostos. Trata-se do impacto social que o saneamento terá ao levar serviços básicos à população.
O ENA mostrou que as empresas que assumiram novas concessões recentemente – em lugares como o semiárido alagoano, o interior do Amapá e as comunidades cariocas – estão se preparando para exercerem a chamada “licença social para operar”.
Trabalhar para a universalização do saneamento é uma missão que as operadoras privadas dedicadas ao setor estão abraçando. E esse processo já começa a transformar o relacionamento com o cliente, no sentido de que os serviços das empresas chegam a um Brasil que até aqui viveu sem usufruir de direitos básicos de saúde e cidadania.
Em um país marcado pela desigualdade, nenhuma política pública se tornou tão necessária nos últimos anos quanto a expansão do saneamento básico.
Percy Soares Neto, Diretor Executivo da ABCON SINDCON