O esgotamento sanitário, juntamente com água tratada e vacinas, são as medidas de maior impacto na saúde das pessoas. Quando o saneamento falta, as consequências podem ser duradouras no desenvolvimento humano – e fatais em muitos casos.
A OMS aponta que 94% dos casos de diarreia são causados por falta de saneamento básico, que ainda é a segunda maior causa de morte de crianças ao redor do mundo.
Infelizmente, devido às suas dimensões e ao fato de não investir o necessário em saneamento, o Brasil contribui de maneira significativa para essa estatística. Segundo dados do Instituto Trata Brasil, as doenças causadas por falta de saneamento básico custam anualmente R$ 217 milhões ao SUS, o que atinge a cifra de R$ 1 bilhão em cinco anos.
Em países que já alcançaram ou estão próximos da universalização, doenças como as parasitoses intestinais e outras ainda mais graves e causadoras de mortes, como a leptospirose, diarreia bacteriana, esquistossomose, amebíase, hepatite A ou dengue, estão erradicadas. Ou seja, ao relegar o saneamento, o Brasil sobrecarrega o SUS e condena parte da população a conviver com riscos que poderiam já estar solucionados com coleta e tratamento de esgoto.
O Instituto Trata Brasil avalia que, se 100% da população tivesse acesso à coleta de esgoto, haveria uma redução, em termos absolutos, de 74,6 mil internações. A maior parte dessa redução (56%) ocorreria no Nordeste.
Segundo o IBGE, 1501 municípios (26,9% do total) reportaram, em 2017, ocorrência de endemias ou epidemias de dengue. A dengue, assim como a zika e a chikungunya, cujos primeiros casos surgiram no Brasil em 2014 e 2015, respectivamente, são transmitidas pela picada do mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada. Tais doenças estão, portanto, fortemente associadas aos serviços de saneamento.
Outras doenças com grande incidência em 2017, provocadas pela falta de saneamento, foram a diarreia (23,1%) e verminoses (17,2%), de acordo com dados do IBGE.