O novo coronavírus trouxe à tona muitas discussões sobre saúde pública e tornou ainda mais evidente a importância e necessidade de se investir em saneamento básico.

Ouvimos o doutor Fernando Bizarria (foto), especialista em imunologia e pneumologia, sobre o impacto do saneamento e a importância do fornecimento de água para combater a pandemia. Ele já atuou em diversos centros de saúde e é referência no desenvolvimento de vacinas para imunidade no Vale do Paraíba, São Paulo.

Qual a importância de se ter um fornecimento confiável e eficaz de água tratada e de qualidade para combater a pandemia?

Cidadãos que não possuem saneamento básico sofrem mais com o vírus, uma vez que a melhor forma de prevenção à Covid-19 é a lavagem das mãos com água corrente e sabão. Quando não se tem o básico, o combate se torna inacessível a todos. Água tratada é essencial para todos os seres humanos, não só em época de pandemia.

A situação de risco poderia ter sido minimizada se o país tivesse boas condições de saneamento?

São em momentos críticos como esse se torna perceptível a importância do saneamento básico – algo essencial, um direito de todos. Infelizmente, a universalização desse serviço não é a realidade do Brasil e de muitos outros países, que não dão acesso ao saneamento básico a toda a população. Quando se tem esse cenário, o risco de contaminação é muito maior.

Que lições podemos tirar desse enfrentamento do novo coronavírus para o futuro?

A Covid-19 vem para reforçar a importância do saneamento básico, como a água tratada, e de políticas públicas que possam dar esse direito a todos os cidadãos. No âmbito da higienização pessoal, a lavagem das mãos é, sem dúvida, a rotina mais simples, mais eficaz, e de maior importância na prevenção e controle da disseminação de infecções, devendo ser praticada sempre ao iniciar e ao término de uma tarefa. Nós temos, infelizmente, a velha mania de aprender apenas em momentos de maior tensão.