Diretor de Operações da Deso diz que má qualidade das obras é responsável por essa perda

Semanalmente, milhares de sergipanos ficam sem água em suas casas. As tubulações da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) estouram e esses grandes vazamentos comprometem o abastecimento de municípios e a imagem pública da estatal. Carlos Anderson, diretor de Operações da Deso, entende que “a qualidade na execução das obras, a qualidade dos materiais utilizados e altas pressões são fatores que afetam diretamente na ocorrência de vazamentos”. A Deso disponibiliza algo em torno de 384 milhões de litros de água tratada diariamente e quase metade desse total é classificado como perdas, na verdade há vazamentos e “gatos” nesse total. O roubo de água é intenso em Sergipe.

JORNAL DA CIDADE – Quantos milhões de litros de água são tratados por dia pela Deso e colocados à disposição da população?
CARLOS ANDERSON – Em 2017 a Deso produziu e disponibilizou 139.977.040 m3 de água tratada, o que equivale a aproximadamente 383,5 milhões de litros por dia (SNIS 2017).

JC – Quantos são desviados, roubados por gatos? Esses desvios ocorrem mais no interior ou na capital?
CA – O índice de perdas na distribuição em Sergipe foi de 48,10 % em 2017. Cabe destacar que esse índice representa o volume de água tratada e distribuída pela empresa e a relação com o volume micromedido no consumo dos usuários, logo, estão incluídos além dos vazamentos, as ligações irregulares (os populares gatos) e a submedição.
Os cinco municípios abastecidas pela Deso com os maiores índices de perda na distribuição são (SNIS – 2017):
1 – Canindé de São Francisco
2 – Frei Paulo
3 – Maruim
4 – Porto da Folha
5 – Riachuelo

JC – Com esses desvios, a Deso deixa de faturar quanto?
CA – Não há como precisar o valor que seria arrecadado com a regularização dos desvios de água, pois a cobrança da fatura é progressiva de acordo com o volume consumido pelo usuário e por categoria, como pode ser observado no quadro tarifário da Companhia:

JC – Essa água desviada vai para consumo humano? Industrial? Animal, em fazendas e sítios?
CA – Não há cadastro para o tipo de desvio de água.

JC – Por que essa rede de tubulação estoura tanto no interior e capital? Quantas vezes este ano? E no ano passado?
CA – A qualidade na execução das obras, a qualidade dos materiais utilizados e altas pressões são fatores que afetam diretamente na ocorrência de vazamentos. Uma obra, quando não é bem executada, apresenta vazamento nas juntas desde sua implantação, se for executada com material de péssima qualidade, não suportará as pressões a que serão submetidas e as altas pressões podem provocar a fadiga do material.

Por Eugênio Nascimento/Equipe JC