Empresas de saneamento básico estimam um impacto financeiro de R$ 15,47 bilhões sobre projetos do setor se a MP (medida provisória) que aumenta impostos para elevar a arrecadação do governo incluir a taxação dos rendimentos de debêntures incentivadas (títulos de dívida emitidos por empresas privadas) a uma alíquota de 5%.

A projeção é de um estudo da Pezco Economics Consultoria com a Abcon Sindcon (Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto) que será divulgado nesta semana.

O número abrange projetos que estão no ciclo de investimento atual e também outras concessões cujos financiamentos ainda não foram contratados.

Segundo Igino Mattos, sócio project finance da Pezco Economics Consultoria, o dado é conservador. Ele afirma que o prejuízo pode ser ainda maior porque alguns projetos que já foram leiloados podem passar por novos ciclos de investimentos para expansão de obras. Com a necessidade de emissão de novas debêntures, essas concessões seriam impactadas.

“É um setor bastante diferente dos outros. Ele tem ciclos de investimento ao longo de todo o projeto. São novas estações de tratamento de esgoto, novos coletores, troca de equipamento das próprias construções. Nessa necessidade de capital, normalmente a concessionária pede autorização para fazer emissão das debêntures. Essa emissão vai ter um preço adicional”, diz Mattos.

No entanto, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), relator da MP (medida provisória) que aumenta impostos para elevar a arrecadação do governo, já disse que manterá a isenção sobre debêntures incentivadas.

A proposta também gerou preocupação no segmento de rodovias. De acordo com representantes do segmento ouvidos pela Folha, o aumento na tributação forçará as empresas a elevarem o spread, ou seja, aumentar a remuneração a ser devolvida ao credor.

Segundo Marco Aurélio Barcelos, diretor-presidente da ABCR (Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias), a medida resultaria em uma menor competitividade em leilões de ativos de infraestrutura, com outorgas mais baixas, e em menores ofertas de desconto sobre as tarifas de pedágio —isto é, tarifas mais caras.

Fonte: Folha de S. Paulo | Foto: Raul Spinassé/Folhapress

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