Brasília, 25 de agosto de 2025 – O acesso ao saneamento básico está deixando de ser um privilégio restrito e alcançando de forma acelerada os brasileiros mais pobres. Entre 2019 e 2023, mais de 674 mil domicílios com renda de até meio salário-mínimo per capita passaram a ter água encanada em casa – um avanço no nível de atendimento o dobro da média nacional no período.
O levantamento faz parte do Panorama da Participação Privada no Saneamento 2025, publicação anual da ABCON SINDCON, que chega à sua 12ª edição como a mais completa radiografia do setor. O livro será lançado nesta terça-feira (26), durante o evento Conexões Saneamento, em Brasília.
Além da água, o maior desafio do setor – o esgotamento sanitário – também avançou. Em quatro anos, 6 milhões de domicílios foram conectados à rede de esgoto, elevando a cobertura para 69,9% dos lares brasileiros. Foi o maior salto da década, reduzindo um dos déficits mais históricos e persistentes de infraestrutura do país. Na população de menor renda, o crescimento no nível de atendimento foi quase seis vezes maior do que a média nacional.
“Os números mostram que o modelo implantado após o Marco Legal do Saneamento deixou de ser promessa e já é realidade. A cada ano, milhões de famílias passam a ter acesso a água tratada e esgoto, mudando completamente sua qualidade de vida”, afirma Christianne Dias, diretora-executiva da ABCON SINDCON.
Emprego e renda
Os avanços sociais vêm acompanhados de impacto econômico direto. Entre 2019 e 2023, o setor de saneamento registrou crescimento de 20,9% no número de empregos formais, gerando trabalho qualificado em todas as regiões do país. No mesmo período, a remuneração média subiu 11,5% em termos reais, evidenciando a valorização da mão de obra especializada.
A indústria nacional ligada ao setor também ganhou força. A produção de equipamentos e materiais específicos cresceu 97,7% em termos reais, movimentando uma cadeia produtiva que já soma R$ 2,6 bilhões anuais.
Investimentos em alta
O volume de recursos investidos atingiu patamar histórico: R$ 24,7 bilhões em 2023, o maior já registrado. Desde a aprovação do Marco Legal, em 2020, o saneamento recebeu R$ 84 bilhões em aportes, uma média anual 22% superior à dos anos anteriores.
A participação privada impulsionou esse salto: a fatia do setor privado nos investimentos passou de 15,1% para 27,3% em apenas três anos, somando R$ 6,7 bilhões em 2023.
Inclusão social
O foco em famílias de baixa renda aparece também na política de tarifa social. Entre 2019 e 2023, o número de residências beneficiadas cresceu 60%, chegando a 4,1 milhões de lares. Entre os operadores privados, o avanço foi ainda mais expressivo: 587% de aumento, com o percentual de beneficiários saltando de 3,6% para 8,5%.
“Esses dados provam que estamos priorizando quem mais precisa. O saneamento tem sido vetor de inclusão social e de combate às desigualdades históricas do país”, reforça Christianne Dias.
Resumo dos principais avanços:
- 6,3 milhões de domicílios passaram a ter água encanada.
- 6 milhões de domicílios foram conectados à rede de esgoto.
- 674 mil lares de baixa renda tiveram acesso garantido à água.
- 20,9% de crescimento no número de empregos formais no setor.
- 11,5% de aumento real nos salários médios.
- R$ 24,7 bilhões investidos em 2023 – recorde histórico.